4 de setembro de 2011

Fui vítima da banda podre da PM

5 de setembro de 2001. Certamente essa data ficará cravada para sempre na minha história e deverá me acompanhar por outras tantas vidas que eu tiver. É uma ferida que um dia vai se curar, mas a cicatriz permanecerá para sempre. Exatamente no dia 5 de setembro de 2001 fui vítima da banda podre da Polícia Militar de Itabira que, invadiu minha residência, plantou entorpecente e me mandou para a cadeia onde permaneci por longos 44 dias. Fui indiciado por tráfico de drogas e tido como o maior traficante de entorpecentes de Itabira e região, sem pelo menos ter sido ouvido formalmente pela polícia. Ás 6 da manhã daquele dia, 42 policiais militares acompanhados de uma promotora de Justiça adentraram a minha residência para buscar maconha, crack e cocaína que a própria polícia havia colocado em pontos estratégicos da minha casa. Fui preso em flagrante e conduzido até a delegacia de polícia da cidade escoltado por seis viaturas da PM com direito a desfile pelas principais avenidas da cidade com sirenes e giroflex ligados. Na delegacia, um batalhão de jornalistas já estava do lado de fora procurando o melhor ângulo para dar o furo de reportagem. Antes mesmo de ser ouvido pelo delegado, o então capitão PM Joédson Flaviano e o tenente Luiz Magalhães, davam entrevistas garantindo que a PM acabara de prender o maior traficante de drogas de Itabira e região. No interior da 49ª DP, o então capitão Erasmo Rodrigues do Nascimento, hoje, comandante da Polícia Militar de João Monlevade, entregava ao perito criminal Cléverson Buin, a suposta droga encontrada na minha residência. Ao ser ouvido pelo delegado José Eduardo Azeredo, fui orientado pelo mesmo a assumir que eu era usuário de droga, uma vez que a quantidade encontrada em minha casa era de apenas 5,8 gramas. Caso eu assumisse, eu seria liberado imediatamente e responderia em liberdade por uso de entorpecente. Não concordei com o delegado e fui indiciado por tráfico de drogas, aguardando o meu julgamento atrás das grades. Durante minha permanência na cadeia, fiz todos os exames toxicológicos que comprovaram ausência de qualquer tipo de droga em meu corpo. Fui a julgamento e fui absolvido! Minha inocência foi concluída após denúncia de três policiais militares que estiveram envolvidos na armação montada pelo alto comando da Polícia Militar de Itabira. O testemunho de um policial militar contou com detalhes como foi planejada executada a armação que me mandou para a cadeia. Em seu relato, o policial foi categórico ao afirmar que fui vítima de armação do comando da PM de Itabira. Naquela ocasião, o tenente coronel Levimar de Almeida; capitão Erasmo; capitão Joédson Flaviano e o tenente Luiz Magalhães eram protagonistas de inúmeras reportagens do jornal Espinhaço, sobre denúncias de “corrupção policial”, “espancamento de menores”, e “envolvimento com traficantes” em Itabira e região. Tão logo o então Governador de Minas, Aécio Neves, PSDB, tomou conhecimento da gravidade dos fatos, ordenou o remanejamento imediato do alto comando do 26º Batalhão da Polícia Militar de Itabira, inclusive, da promotora de Justiça Maria Juliana de Britto. Dez anos se passaram, e o processo por mim movido contra o Estado e contra o comando do 26º BPM continua tramitando na Justiça.


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