2 de julho de 2011

O Furo do "A Notícia"

Furo de reportagem é quando alguém sabe de uma notícia bombástica e é o primeiro a publicá-la. Se o Oscar é o sonho de todo artista, o enigma sempre foi e será a ambição de todo jornalista. É a oportunidade única de o repórter aparecer e ter seus quinze minutos de fama. Todo editor e dono de jornal sonha acordado em ser o primeiro a divulgar algo bombástico para aumentar as vendas do seu jornal. É inegável que todo jornal sobrevive de furos de reportagem, cadáveres, ladrões, maníacos, traficantes e “CONTRABANDISTAS”. Personagens que entram no fascinante campo minado para protagonizar a história. Com tanta tragédia para explorar, o repórter, ou dono de jornal não pode esquecer que nem toda denúncia que chega ás suas mãos é verdadeira. Para garantir o furo é preciso boas fontes, investigação e muito suor. Não se admite um furo jornalismo via telefone, é preciso tato, é preciso estar no local e no momento em que os fatos acontecem. O dia 1º de julho de 2011 certamente ficará registrado nas páginas e na memória do dono do “A Notícia”, que num furo de reportagem fez acontecer a notícia do ano. Conhecido no meio político como um jornal “combativo”, principalmente no que se refere aos seus opositores, (leia-se Emerson Duarte, Gustavo Prandini e Cia), o jornal “A Notícia”, nesse dia 1º de julho, ultrapassou todos os limites da irresponsabilidade. De maneira covarde e mesquinha o jornal estampou na sua primeira página, em letras garrafais a seguinte manchete: “Empresário preso com contrabando”. Ao lado da manchete o editor do jornal colocou uma enorme foto do suposto “contrabandista”. No corpo da matéria o jornal relatou a prisão do empresário pela Polícia Federal no aeroporto de Viracopos em Campinas, SP. Poucas horas depois a redação do jornal foi informada através de um telefonema que o homem preso em Viracopos não era o mesmo que aparecia nas páginas do “A Notícia”. Ao saber da “barriga” que levou, jornalistas, repórteres, funcionários e até o dono do jornal correram para as bancas para recolher a edição histórica. Aí, já era tarde demais! O estrago já tinha sido feito! A notícia se espalhou rapidamente e o empresário monlevadense transformado em “contrabandista” pelo “A Notícia” começou a sentir na pele a irresponsabilidade dos editores do jornal. Pedidos de desculpas foram feitas pelo dono do jornal que também prometeu “soltar uma edição extra” consertando a trapalhada, que pouco ou quase nada vai adiantar, pois, a idoneidade e a moral do inocente empresário, transformado em “contrabandista” e preso pela Polícia Federal, dificilmente serão reparadas. Nisso tudo fica uma grande lição para esses “senhores da verdade”: o furo de reportagem não é prá qualquer um. A singularidade do fato e a abrangência da história devem marcar presença. Sem essa roupagem a notícia não passa de uma mera notinha num canto qualquer de uma página indeterminada. O editor do “A Notícia” quis roubar a cena e ser o centro das atenções. No entanto, essa relíquia é para poucos. Ao invés do Oscar, os artistas do “A Notícia” certamente ganharão um belo processo por Danos Morais.  

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