18 de março de 2011

Era uma vez ...

Era uma vez, onde não havia vez. Nesse tempo vivia um pequeno escrevinhador, um He-Man ao avesso, cujo nome só podia ser entendido na sua própria língua.  E esse pequeno ditador através de seu poderoso instrumento de trabalho ameaçava, achincalhava, detonava e espalhava o pânico por toda região. Promovia orgias com as riquezas surrupiadas por meio da sua opressão. Num lugar esquecido pelo resto do mundo, ele, figura exótica, lembrava as caricaturas chaplinianas com seu andar de pato cansado. Era o flagelo da era! Há quase meio século ditando as regras e escravizando seus opositores. Quase um imortal. Mas acontece que ele não era um imortal. Certo dia, após uma seqüência de derrotas na Justiça, o velho pequeno ditador teve que se curvar diante de um grupo de jovens, também chamados de “meninada”. Logo ele, o todo poderoso! Pela primeira vez se viu sozinho, ele, que sempre esteve rodeado com bajuladores de todas as espécies e valores. Mas estava só, mergulhado nas profundezas de sua ganância. Queria mais, muito mais! Queria as terras do povo e um pedaço do céu. Na solidão de seu falso poder, teve a idéia de rezar, de pedir ajuda para que “seu patrimônio” não lhe fosse arrancado como um pirulito nas mãos de uma criança indefesa. Pela primeira vez viu-se na obrigação de orar por proteção divina, mas com tanto poder, tanta prepotência, e um exército de bajuladores á disposição, não tinha tanto o que pedir. No seu pequeno mundo era mais poderoso que Deus. Sua palavra e seus ensinamentos eram o que apontava a salvação ou a desmoralização de seus desafetos. Mas, que poder era esse de transformar sonhos em pesadelos; de destruir conceitos; de arrasar entidades transformando-as em pó. O pequeno ditador, como um Narciso que lambe a própria imagem, curvou-se hipocritamente diante da “meninada” e implorou brandamente pela paz. Pela paz que ele nunca permitiu que tivessem. Por um momento se envergonhou. Por um momento foi humano e admitiu sua queda e pediu ajuda aos seus admiradores. Por um momento acreditou que o mundo é bom, mas as pessoas são egoístas e o estragam por besteiras. Um instante que revelou toda a sua vida. Mas foi somente um instante. Alguém bate á sua porta. Será o oficial de Justiça? Será o padre que batizou a “corja”, ou será o “menino maluquinho?” Não era nenhum desses! Era apenas um admirador que após ouvir os seus apelos e lamentos, resolveu fazer uma assinatura para receber suas obras em casa.
*Qualquer semelhança com a vida real será apenas uma coincidência. Nada mais que isso

Nenhum comentário:

Postar um comentário