30 de novembro de 2010

O Pôquer e o Jogo do Bicho

Jogadores sentados á mesa, cartas distribuídas e fichas apostadas. Some a isso muita sagacidade, sorte e poder de observação e seja bem vindo ao polêmico mundo do pôquer, ou, “poker” em inglês, o jogo de cartas que vem ganhando cada vez mais adeptos em João Monlevade. Há quem veja a modalidade como esporte, há os que enfatizam a diversão, os que criminalizam a prática e até os que vivem exclusivamente das cartas. Em João Monlevade, distantes dos olhares atentos dos curiosos, cada rodada pode valer até R$ 5 mil, dependendo do naipe dos convidados. Recentemente o “cassino” camuflado recebeu visitas ilustres para aquela “partidinha” regada á “frango caipira com quiabo”, uísque doze anos, e um punhado de puxa-sacos. Teve até um garçom exclusivo para servir cafezinho. Café “Da Fazenda”, claro! O limite entre a diversão e os riscos financeiros é determinado pelo valor de entrada. Em algumas ocasiões, quando vereadores e políticos do segundo escalão se sentam á mesa com a finalidade única de agradar ao “patrão”, a rodada gira em torno de R$200. Mas quando os visitantes são deputados, prefeitos, ex-prefeitos e senadores, as apostas podem chegar até R$ 5 mil. Se para a maioria dos praticantes “domésticos” o pôquer é apenas um passatempo, com disputas sem apostas (sic) ou com fichas de baixo valor, para as autoridades, o assunto é controverso e está longe de ter uma resposta unânime. Apesar de grande parte condenar o jogo de carteado, em João Monlevade não há casos de repressão á prática. O padre sabe, o vigário geral sabe, o vendedor de picolé sabe, o vereador sabe, o jornalista sabe, o radialista sabe, o dono da banca do jogo do bicho sabe, a dona de casa sabe. Todo mundo sabe onde funciona a jogatina. Só a polícia e o Ministério Público não sabem. A Justiça garante que por se tratar de “jogo de azar” sua prática deve ser encarada como contravenção penal, crime passivo de multa e até prisão. De acordo com a lei, é considerado de azar e, portanto, proibido. Mas quem se aventura a denunciar essa prática criminosa cometida por um poderoso homem público? O padre? O vereador que perdeu até as cuecas? Os homens da imprensa? Alguém se habilita? Enquanto isso, a polícia acaba de prender o Zé da Silva e a Maria Trambique, donos daquela banca do jogo do bicho instalada na saída da cidade, cujo valor das apostas girava em torno de R$ 0,50.De acordo com a polícia, o casal pode pegar até três anos de cana!

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